segunda-feira, 7 de maio de 2012

Rompendo o Casulo...




Tenho lido tantas coisas aqui e ali, não somente nas comunidades voltadas ao devoteísmo, mas também em comunidades onde debatem a posição das mulheres nos dias de hoje. Há quem pense que a evolução ou revolução e emancipação das mulheres as levaram a um retrocesso como seres humanos, ao sexo fácil sem critérios e à desvalorização do “ser” mulher.

Mas “ser mulher” vai além dos conceitos e achismos de algumas pessoas. Mulheres são complexas, mulheres sangram, mulheres conservam a fêmea dentro de si apesar do dia a dia, da rotina, da realidade e até mesmo de uma deficiência.
Se existem teorias e defensores da estagnação do progresso feminino, e nessas teorias e defesas, as deficientes ou minorias não são consideradas, imaginem como pode ser espinhoso o caminho de uma deficiente que busca o exercício da sua sexualidade diante dessas pessoas. Como as deficientes podem ser alvos da condescendência asquerosa e ou do escárnio ferino quando expostas em um suposto erro, em um suposto tropeço.

Já debatemos uma vez à volta à adolescência quando uma deficiente toma conhecimento do devoteísmo, hoje eu penso diferente, todas as mulheres estão sujeitas a essa volta se a adolescência não foi bem vivenciada e em momentos de fragilidade. Mas nas deficientes esse retorno parece ser mais intenso em um contato inicial com os devotees , basta observarmos o comportamento competitivo e as expectativas que deixam à mostra e a paixão instantânea que prolifera de seus relacionamentos, paixão essa, quase sempre unilateral.

E então, vem a cobrança da sociedade... Os olhos se voltam para elas... E eis que surge novamente o estigma de coitadinhas em paradoxo com a força que demonstraram ao se arriscarem...

É como se não houvesse uma saída, ou estão caçando, ou estão se vitimizando aos olhos daqueles que preferiam não estar cientes que elas, além de viverem, falam e pensam, e ás vezes falam alto, bem alto... Tanto que incomodam quem não quer ser incomodado.

Muitas então depois de um envolvimento com um devotee, que é o que nossa comunidade se propõe a debater, a deficiência, o devoteísmo, seus calços e percalços, enfim, muitas então preferem se calar, escondem seus romances, seus envolvimentos.

Acredito eu, que em primeiro lugar para buscar novos relacionamentos, para passar certa inocência em relação ao devoteísmo, certa pureza. Mas por mais que a sociedade nos cobre, nos vitimize ou nos iniba, aqui dentro desse círculo as deficientes têm um papel diferente e não deveriam vivê-lo como se fosse um crime a ser escondido ou uma mácula em seus currículos de pobres mulheres indefesas e ingênuas.

Em segundo lugar e bem usual é procurarem uma nuvem de fumaça para o orgulho quando sentem-se preteridas ou enganadas. Não saíram, não se relacionaram, portanto jamais foram usadas pelos vis devotees. Geralmente nesses casos podem tornar-se ferrenhas opositoras dos devotees. Vejam bem, que estou tentando passar como penso que elas se sintam e não o que eu penso sobre essas relações.

Em terceiro lugar e não menos comum... Esconder das amigas deficientes, da família que nem sempre apóiam esses relacionamentos. Nesse caso, ainda existe um outro motivo, procurar saber das amigas se determinado devotee as procura também.

Em quarto lugar e não em menor incidência , o próprio preconceito em relação aos devotees. Sair com um devotee seria para elas o mesmo que alguns devotees sentem quando se relacionam com uma deficiente. Ou seja: Vergonha.

Eu pensei em abordar outros pontos dentro da controvertida curiosidade que as deficientes sentem pelos devotees, ou melhor pelas nossas comunidades e nosso universo, porém negam, mas vou deixar para outro tópico.

Para fechar minha postagem volto ao que disse em seu início sobre a revolução sexual feminina. Talvez para nós deficientes ela tenha demorado um pouco mais, mas, estamos rompendo nossos casulos independentemente dos devotees. Agora, sem dúvida, eles nos mostram e nos mostraram como podemos e temos o poder de fascinar alguns homens.

Exercer esse poder às vezes é compensador, em outras decepcionante, em outras envolvente, mas a escolha é só nossa. E ter essa escolha é uma grande evolução para qualquer mulher, não apenas para nós deficientes.

Regina

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