sábado, 26 de outubro de 2013

Te - ra - to, o que? Teratofilia...



Quando iniciamos essa jornada pelas letras em busca de respostas e em buscas de dúvidas que nos dessem um caminho para que tateássemos pelos desejos que permeiam  nosso universo, fomos duramente criticados ao cunhar nosso blog de Desejos Tortos.  E, hoje, vejo que, não poderia ter feito melhor escolha. Se leio aqui e ali um e outro artigo, uma e outra pessoa dentro desse contexto deparo-me com novas descobertas, com novas nuances, que jamais encaixariam-se ao convencional. O convencional vem se perdendo, vem se tornando mediocre e pequeno. Não, não há aqui espaço para o comum.

Eu sei, me dirão que deficientes podem ser amados, podem exercer atração em outros sem necessariamente ser um desejo torto. Concordo, mas não é disso que trata-se a maioria de nossos textos. E nem nós somos comuns e convencionais. 

Enfim, hoje quero falar da Teratofilia... Te- ra - to,  o que? Filia... Sim, uma outra parafilia, até então para mim ainda desconhecida. Mas ao me ver diante desse fetiche foi como se algumas cortinas fossem retiradas e a névoa de um caso e outro fosse finalmente dissipada.
Nessas horas, sinto falta de alguns devotees nos debates, aqueles que estendiam sua atração ao diferente, ao bizarro, segundo nossas convenções, claro. Infelizmente, uns partiram, outros perderam o interesse. 

Bom, o que é afinal Teratofilia? 
É a atração por deformidades. A mais citada entre elas, como sempre, é a amputação. O que difere a Teratofilia do devoteísmo, ou o que diverge, é ser uma atração também por aquilo que muitos consideram monstruoso. E como não lembrar de Quasímodo e Esmeralda? A Bela  a Fera? Fiona e Shrek?

Embora no primeiro caso, Esmeralda não senti-se atraída por Quasímodo como homem, é evidente que Victor Hugo caminhou pelos extremos: Beleza e Monstruosidade. E nada teria chocado mais se ao fim do romance Esmeralda tivesse caído de amores por Quasímodo, não um amor fraternal, mas um o amor-carne. Um amor desejo. Não que eu pense que atrações  venham a desembocar em amor, não, jamais afirmaria isso como regra. Mas gosto de imaginar qual seria a reação dos leitores se Esmeralda nutrisse por Quasímodo a mesma atração de uma devotee por um deficiente. 

Já entre Bela e Fera, Fiona e Shrek, tivemos a oportunidade de tatear a  Teratofilia. Felizmente ousaram os escritores a inverter conceitos e costumes. Ainda que em conto de fadas...

Mas, deixando minhas divagações de lado, vamos a um ponto interessante em nosso Universo, um ponto até então obscuro. Sentiriam devotees atração por corpos mais ou menos disformes? Sentiriam devotees uma preferência por deformidades como escolioses, como sequelas que agravassem e desfigurassem rostos além de corpos? Não sei. Talvez não dentro do devoteísmo clássico, esse que nós pecamos ao dizer que nada mais é que atração por deficientes sem dele aceitar suas vertentes e nos chocarmos quando um e outro optar por contato com àquelas ou àqueles deficientes que apresentam deficiências que aos nossos olhos, não aos deles, sejam mais agressivas.

E então,  flagro-me a pensar que tanto no Devoteísmo quanto na Teratofilia há um misto de intolerância e condescendência com o que seus proprios conceitos não casam-se. Por isso, hei de preferir sempre e sempre falar de Desejos Tortos e abrir minha mente para o inusitado e para as surpresas que em linha reta jamais teria.

É isso...

Regina


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