quarta-feira, 2 de maio de 2012

Feitiços e Devotos




Feitiço...
Segundo a wikipédia:

“A palavra fetiche vem do francês fétiche, que por sua vez vem do português feitiço e, este, do latin facticius "artificial, fictício" é um objeto material ao qual se atribuem poderes mágicos ou sobrenaturais, positivos ou negativos. Inicialmente este conceito foi usado pelos portugueses para referir-se aos objetos empregados nos cultos religiosos dos negros da África ocidental".

Particularmente gostei muito do conceito acima, antes de trazê-lo para o devoteísmo, é possível perceber que quando dizemos que alguém tem um fetiche, ou que uma prática sexual é um fetiche surge a possibilidade de assimilarmos o encantamento e a intensidade dos desejos de um fetichista. Ou quem sabe seria melhor dizermos, de um enfeitiçado.

E é assim que me parecem alguns devotees, fascinados, enfeitiçados diante de um desejo, e o termo devoto é um encaixe perfeito nesse universo. Feitiços e seus devotos.

Mas cabe a quem enfeitiçar? O objeto ou quem detem os segredos da feitiçaria?
Então entramos nós, os/as deficientes, os magos, as feiticeiras, as bruxas... Nem sempre conscientes de seus próprios segredos e poder ou pressupondo que o feitiço que são capazes de provocar pode ser a sua própria consagração... E não raramente, nos sentimos muito mais fascinadas com nossos devotos do que eles conosco.

Para entender como se processa esse encantamento através de um fetiche, seja ele no devoteísmo ou em qualquer outro fetiche é preciso que entendamos um pouquinho das teorias tecidas sobre o tema.

Segundo alguns estudos na fase onde a criança passa a perceber as diferenças genitais entre homens e mulheres, pai e mãe; quando a criança (quase sempre de sexo masculino) não assimila bem esse processo, passa a tranferir seus primeiros desejos a algo que complemente a mulher ou em determinadas partes do seu corpo. E é aí que entram os fetiches, tanto por pés, por situações, por alguma idumentária diferente, sapatos, óculos, aparelhos dentais, aparelhos ortopédicos, etc. E até cotos...
O importante aqui é ressaltar que nenhum desses apêndices tem em si a conotação homossexual, e nada contra, por favor, apenas quero dizer que existe em torno dos devotos de amputadas essa dúvida, ser o coto a representação fálica real de um desejo. Não, não é assim, independente do enfeite, do apêndice, o fetiche é algo muito mais subjetivo.

Poderíamos ilustrar com uma criança alimentada no seio (fonte principal de desejo do lactente), os seios passam a ser representação da mãe. Assim como para um fetichista o out, o over, é sua fonte de prazer.

Existe outra teoria que nos diz sobre que as primeiras relações sexuais ou impulso intensos ocorrem diante do fetiche de cada fetichista, e aqui eu me lembro de depoimentos de alguns e algumas devotas que afirmam terem essa excitação diante de um/a deficiente em idade ainda precoce. E canalizarem essa atração a partir desses fatos.

Eu acredito que essas explicações sejam rasas, não conclusivas... Pois conforme vou escrevendo, vou me lembrando de outros casos, de outros depoimentos... Onde os devotees e as devotees demonstram terem sido enfeitiçados mais tarde, mais cedo, por outros motivos (como no caso dos wannabes), ou o que tenho percebido em algumas devotas uma necessidade de tocar a aura, e não estou dizendo alma, mas a aura dos deficientes. Enfim alguns casos que vão fugindo das teorias.

Mas o que não podemos negar é que realmente existe um feitiço dentro do devoteísmo, um feitiço poderoso capaz de agregar tantas personalidades diferentes dentro do nosso universo. Personalidades fascinantes ou nem tanto, personalidades de todas as cores, algumas cinzas, outras vermelhas e até cor de rosa.

E se esse feitiço ou fetiche existe que mal há? Nenhum... Mas lembremos que ele pode ser positivo ou negativo, depende tanto de quem têm os amuletos quanto de quem sente-se enfeitiçados por eles... E alguns enfeitiçados podem não querer as bruxinhas, os magos, as fadas... Somente seus amuletos...

Regina

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