sábado, 12 de maio de 2012

A Consagração do Devoteísmo...

 Algumas das dúvidas que sempre tive foram sobre as raízes do devoteísmo e o porquê da dificuldade em encontrarmos um denominador comum entre tantas teorias, sim, existem muitas características semelhantes entre os devotees, mas pinçar com precisão onde o devoteísmo teve início para cada um deles é uma tarefa quase impossível, só mesmo através de seus relatos individuais para vislumbrarmos como e onde brotou o desejo, a atração inicial individualmente. E ainda assim, muito do que não se recordam pode esconder essas raizes...

E eu penso que por esse motivo seja leviano atribuir um conceito definitivo ao que se é ou não um devotee. Ao que me consta em alguns países só são considerados de fato, devotees, devotos, pessoas que sentem atração por amputados. Englobando as vertentes dessa atração, ou seja, pretenders e wannabes. O que aqui chamamos de devotees universais são chamados por lá de "admiradores".
Bem sabemos no entanto que muitos "admiradores" dentro de suas próprias hierarquias nesse nosso universo de desejos tortos também sentem atração por amputadas.

Um outro fato curioso é a maneira como alguns devotees se portam, ao que já chamamos por aqui de voyerismo dentro do devoteísmo. Lembrei-me de um estudo feito com uma devota que ao se descobrir como tal por ler algo em uma revista sobre a atração que até então achava ser única e exclusivamente sua, foi buscar mais informações com profissionais.

Nesse estudo ela abriu suas gavetas particulares, relatando tudo que sentia desde o primeiro momento em que se viu atraída por um deficiente na adolescencia. Ela segue contando os vários contatos que teve com deficientes, inclusive casando-se com um. Mas o mais intrigante pra mim foi ela dizer que preferia a masturbação ao ver os deficientes e o próprio marido do que fazer sexo com eles. Alegando que o prazer seria muito mais intenso.

Eles apesar de deficientes não atraiam seu lado fêmea. A característica em comum sim, ou seja, a deficiência, mas não o conjunto. E acredito que nesse ponto temos a resposta para alguns de nossos tópicos onde abordamos a bissexualidade, a maternidade e a virtualidade. Não haveria seguindo o raciocínio desse estudo uma vinculação de alguns devotees à pessoa deficiente, mas sim à condição. Não existindo necessariamente um contato sexual com o deficiente, a fantasia prevalece sobre a realidade, mesmo em um contato real.

Ao término desse estudo, a devota relata ter simulado várias vezes ser deficiente, sentindo-se excitada com a prática, geralmente em viagens e lugares onde não era conhecida. E por fim admite e traz para si a própria raiz, a sua consagração, ser ela a deficiente. Isso a faria feliz, completa...

Um caso que também me chamou a atenção foi um outro devoto, depois de anos trabalhando com deficientes, finalmente se casa com uma amputada. Porém ao contrário da citação anterior, ele se sentia totalmente realizado, satisfeito, envolvido emocionalmente e fisicamente. Mas com um receio terrível que sua mulher descobrisse o devoteísmo e ser ele, um devotee. A sua consagração enquanto devoto, veio, mas envolta em nuvens de incertezas de ser aceito tal como é.

E então como ficamos? Como consagrar um devoto? Como dizer você é ou não um devoto? Ou, esses são melhores do que outros?

Eu citei esses dois casos pois ultimamente temos atribuído características distintas aos devotees homens e às devotees mulheres, e de repente me deparo com histórias totalmente diferentes do que estamos acostumados, histórias contrárias às regras, onde a mulher devotee pode ser bem mais distante da pessoa que porta a deficiência do que o homem devotee.

Seria bom que pensássemos um pouquinho antes de nós mesmos coroarmos o devoteísmo com uma coroa de flores ou de espinhos. Consagrar ou recriminar dentro de tantos achismos não está certo. Talvez por isso nossa dificuldade em conceituar o que às vezes foge aos nossos conceitos interiores e nossas expectativas.

A única certeza que eu tenho dentro da minha experiência enquanto amputada e observadora dentro de nosso universo é não sermos nós os deficientes melhores ou piores do que os devotees, essas pessoas tão instigantes...
E se houver um dia uma consagração ao devoteísmo, que seja uma consagração desprovida de preconceitos, uma consagração ao diferente... Sejamos nós, devotees ou deficientes...

Regina

2 comentários:

RH disse...

Regina, vc é muito inteligente !!!

Anônimo disse...

Regina você me ajudou a descobrir meu devoteismo e a aceita - lo, muito obrigada, adoro ler seu blog.
O melhor do mundo!!!